CÉLULAS ESTAMINAIS - suas aplicações


Células estaminais


Nas primeiras fase do desenvolvimento do embrião, as células estaminais diferenciam-se nos vários tipos de células que vão formar os tecidos e órgãos do organismo (a pele, os músculos o coração, o cérebro, os ossos…). Estas células estaminais embrionárias têm a capacidade de se auto-renovarem e duplicarem, multiplicando-se continuamente in vitro e mantendo a capacidade de se diferenciarem noutras células. A investigação e terapêutica neste campo tem evidenciado resultados promissores. No sangue do cordão umbilical estão presentes células estaminais que se conseguem diferenciar em alguns tipos de células, em particular do sangue e possuindo algumas propriedade semelhantes às células estaminais que se encontram na medula óssea. O transplante das células estaminais que se encontram na medula óssea é uma das terapias que se pode realizar para o tratamento de doenças hematológicas/oncológicas. Apesar de, na maioria dos casos, este procedimento ser bem sucedido, o transplante depende de se conseguir encontrar um dador compatível de medula óssea. Associado ao procedimento, para além do perigo de infecções oportunistas, existe o risco, por exemplo, da rejeição do transplantete, uma das reacções imunológicas que poderão surgir. As células estaminais do sangue do cordão umbilical, devido à semelhança de propriedades com as células estaminais que se encontram na medula óssea, são utilizadas em terapias destinadas ao tratamento de diversas doenças como em casos de leucemias, após quimio-radioterapia. Foi em 1994, no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, que se realizaram os primeiros transplantes de sangue de cordão umbilical. O transplante de medula óssea começou a realizar-se em Portugal na segunda metade dos anos 80 do século XX. Calcula-se que apenas 25% dos doentes tenham um dador familiar – os outros têm de recorrer a dadores externos à esfera familiar. A probabilidade de compatibilidade é baixíssima devido à genética, que nos individualiza, nos caracteriza e mantém enquanto espécie. As células estaminais embrionárias (provenientes, portanto, do embrião nas primeira fases de desenvolvimento) ainda indiferenciadas são que terão mais potencialidades de aplicação na Medicina. As aplicações da terapia com estas células têm sido estudadas no tratamento de várias doenças; é o caso da degenerescência macular relacionada com a idade (que leva à cegueira), da esclerose múltipla e da doença de Parkison. Não obstante, a investigação neste campo tem criado controvérsia, uma vez que estas células se obtêm a partir de embriões humanos. As questões éticas e legislativas são objecto de reflexão e interpretações diversas. As células estaminais dos adultos e do sangue do cordão umbilical possuem já alguma diferenciação. Em particular, as células do cordão umbilical possuem a capacidade de diferenciação em células da linhagem sanguínea. Existem em Portugal bancos privados de criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical. Ao recorrer a este serviço, os pais escolhem um procedimento que visa a eventual utilização do sangue do cordão umbilical no tratamento de doenças que poderão surgir ao longo da vida do seu filho(a) recém-nascido(a) e/ou dos seus familiares (neste caso a utilização requer o consentimento dos pais, após indicação médica). Em 2007 realizou-se o primeiro transplante com recurso a células estaminais do sangue do cordão umbilical criopreservadas num banco privado português (a Crioestaminal). Foi um transplante heterólogo (entre dois indivíduos) do sangue preservado de um recém-nascido para o seu irmão (uma criança com 14 meses). As utilizações de sangue preservado em bancos privados têm, na maior parte das vezes, sido dirigidas para o transplante entre irmãos. À semelhança da compatibilidade de medula óssea entre familiares, o sangue do cordão umbilical poderá não ser compatível para o transplante. O sangue é recolhido logo após o nascimento, quer seja de parto natural quer de cesariana, e depois enviado para o laboratório através de um kit que os pais adquirem previamente. O sangue é testado e as células estaminais isoladas e contabilizadas. Existem também bancos públicos internacionais, cujas amostras têm sido o grande recurso para os transplantes de sangue do cordão umbilical realizados em Portugal. O número de unidades de sangue colhidas nos IPO (no Porto e em Lisboa) utilizadas para transplantes em familiares dos dadores tem sido muito reduzida, recorrendo-se assim a dadores estrangeiros. A colheita do sangue umbilical é maioritariamente solicitada por grávidas com familiares com indicação para transplante, em recolhas dirigidas, na sua maioria a crianças com leucemia. É aguardada a abertura de um Banco Público de Sangue do Cordão Umbilical. Numa instituição deste tipo será preservado o sangue do cordão umbilical doado altruisticamente pelas grávidas, na altura do parto, para uma futura utilização das suas células estaminais em doentes compatíveis.

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